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A Falácia do Casamento

"Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário"  1 Tm 5:18


Recentemente abriu-se grande celeuma a respeito da cobrança das espórtulas quando da ministração dos sagrados sacramentos principalmente o do matrimônio. Alguns, aproveitando-se da complexidade do assunto estabeleceram posições meramente retóricas para justificar suas verdadeiras intenções. O tempo é o senhor da razão, já diz um velho ditado. E assim, reveladas as escaramuças podemos vislumbrar agora com clareza os verdadeiros objetivos de tamanha grita.

As espórtulas são os valores cobrados pela Igreja quando esta ministra alguns Sacramentos (Batismo, Crisma e Matrimônio), especialmente a Santa Missa por alguma intenção especial. Nada há de imoral, anormal ou subreptício na cobrança das espórtulas, garantido em todo o caso que a nenhum cristão seja negado o sacramento por não poder pagar as espórtulas, uma vez que estas sempre são estabelecidas como um máximo a ser cobrado pelos sacerdotes.

O site da Canção Nova nos informa que:

A prática das espórtulas é inspirada no Novo Testamento e existe durante quase dois mil anos. Essa prática tem duplo sentido:

1) para quem oferece sua dádiva é uma forma de participar, de maneira mais íntima, da oblação Eucarística e dos frutos desta; é expressão da fé e do amor com que tem acesso ao Pai por Cristo no Espírito Santo. Assim as espórtulas se justificam como a expressão da fé e do amor dos fiéis que desejam participar mais intimamente dos frutos da Santa Missa. 

2) para a Igreja é um meio de sustentação legítimo, baseado na tradição bíblica e que não se trata de simonia, isto é, de comércio com as coisas sagradas. Após o Concílio do Vaticano II (1962-1965), que fez um balanço da vida eclesial, considerando as suas necessidades, o Papa Paulo VI regulamentou as espórtulas da Missa, em 13/06/1974, quando publicou o Motu próprio “Firma in Traditione”, em que dizia: 

"É tradição firmemente estabelecida na Igreja que os fiéis, movidos por seu espírito religioso e seu senso eclesial, acrescentem ao sacrifício eucarístico um certo sacrifício pessoal, a fim de participar mais estritamente daquele. Atendem assim às necessidades da Igreja e, mais particularmente, à subsistência dos seus sacerdotes. Isto está de acordo com o espírito das palavras do Senhor: 'o trabalhador merece o seu salário' (Lc 10,7), palavras que São Paulo lembra em sua primeira carta a Timóteo (5,18) e na primeira aos Coríntios (9,7-14)”. 


Assim, justificada a cobrança das espórtulas, resta-nos analizar qual o valor a ser estabelecido e o que poderia ser considerado "normal". Uma mentira apresentada à época, dava conta de que determinado clérigo "deixava por conta cos contraentes estabelecer o valor das espórtulas". Considerando que seja justo o clérigo ser ressarcido adequadamente pelo seu trabalho, propiciando ou ajudando na manutenção da vida do próprio clérigo, parece que além de falaciosa essa mentira não era realmente praticada.

Sobre esta questão emiti um Ato Eclesiástico, válido, que visa normalizar a cobrança das espórtulas, tendo ali ficado claro que nenhum sacerdote poderia celebrar o santo matrimônio sem antes proceder uma preparação dos nubentes, ainda que em apenas uma reunião prévia. 

O valor das espórtulas deveriam ser, então, proporcionais às despesas efetivas em cada caso, não se justificando o estabelecimento de um valor único, seja de um ou mais salário mínimos. 

Não se pode generalizar, muito menos criticar o valor das espórtulas antes de se verificar no que consiste a ação do sacerdote, que, como já dissemos, não se resume ao momento da ministração.

Tivemos notícias (as quais confirmamos por meio de informações na Internet) de Igrejas consideradas idôneas que cobram de R$ 1500,00 a R$ 2000,00 por uma celebração. E mais, nestas Igrejas não há disponibilidade de datas nos próximos meses e até anos. Seria justo criticar esta situação? 

Não temos conhecimento de que nenhum de nossos clérigos tenham praticado valores tão superlativos. Assim, certos de que esta situação era de conhecimento dos falaciosos, creio cada vez mais de que estes eram apenas argumentos que justificariam suas futuras ações e suas reais intenções. Deus julgará.










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