O barco mal
atracou na localidade de Curuçambaba e tivemos poucos minutos para nos despedir,
pois ele precisava imediatamente pegar o ônibus que o levaria de volta a Belém.
Vínhamos de Cametá onde estivemos reunidos com grande parte do clero da Diocese
do Pará e eu ainda seguiria para outra localidade, às margens do Rio Carapajó,
conhecer a Igreja de Santa Maria Madalena. Ali, no meio da rua empoeirada,
calor beirando aos 35º, abraçamo-nos e neste mesmo instante eu me lembrei da
última vez que nos despedimos: tinha sido no Pelourinho, em Salvador.
Imediatamente
tive o desejo de escrever um artigo com o título: “Do Pelourinho a Curuçambaba –
até aqui o Senhor nos tem ajudado”. Porém ao retornar para São Paulo, dois dias
depois, enfrentei alguns percalços na vida pessoal de forma que somente agora,
outubro de 2016, tive tempo e oportunidade de escrever o artigo.
Estou falando
de meu grande irmão, amigo e conservo no episcopado, como gosto de me referir a
Dom Orvandil Moreira Barbosa, gaúcho, farrapo, cabano, como ele mesmo gosta de
se apresentar.
Já são vários
anos de amizade e convivência com este irmão de quem tenho orgulho, primeiro de
contar com sua amizade e depois porque ele abrilhanta e enobrece as fileiras da
nossa igreja.
Dom Orvandil é
um forte, valente, destemido. De uma fé contagiante e de um senso de justiça
invejável. Trabalhador da palavra e grande professor. Ouvi-lo sempre nos apraz
e nos enche de entusiasmo, além é claro de sempre aprender coisas novas e
importantes. Mesmo que divergindo em grau de algumas de suas posições, ainda assim
não posso deixar de salientar a lisura e o respeito que ele nutre para com os
que têm posições diversas da dele.
Ao longo dos
anos tem sido Dom Orvandil uma voz potente no âmbito da Igreja e a todos tem
feito pensar sobre todas as suas proposições. Na vida social é um escritor
incansável (tendo publicado recentemente um livro). Sua contundência na defesa
de suas posições é uma marca reconhecida.
Em Cametá,
cidade onde foi realizado o IV Sínodo da Igreja, ouvimos Dom Orvandil discorrer
brilhantemente sobre a Teologia da Libertação. No dia seguinte concelebrou a
cerimônia de ordenação episcopal de Dom Franciney Pantoja. Em todos os momentos
pode-se vê-lo distribuindo simpatia e conhecimento em pequenas rodas, todos
querendo absorver o mais possível do mestre.
Mas Dom
Orvandil também tem a simplicidade de aprender. Percebi que ficou desejoso de
ter podido viajar mais pelos rios e igarapés da Amazônia. Conhecer mais sobre a
vida dos ribeirinhos e apreender mais da exuberante natureza que ali estava a
nossa disposição. Porém seus compromissos não o permitiram estender sua estadia,
mas deixou grande alegria e amizade entre todos os irmãos paraenses.
No próximo ano
estaremos reunidos no Rio de Janeiro. Quem sabe onde nos despediremos uma vez
mais? Porém uma certeza: até lá o Senhor nos ajudará.
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